MARIA PAMONHA
Certo dia apareceu na porta da casa grande da fazenda uma menina suja e faminta. Nesse dia deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte também. E no outro, e no outro, e assim sucessivamente. Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina foi ficando, ficando, sempre calada e de canto em canto.
Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava, e ela respondeu com um fiozinho de voz: — Maria.
E os garotos, às gargalhadas, fecharam-na numa roda e começaram a debochar dela: — Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha...
Uma noite de lua cheia, o filho da patroa estava se arrumando para ir a um baile, quando Maria Pamonha apareceu no seu quarto:— Me leva no baile? – pediu-lhe.
O jovem ficou duro de espanto.
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma cintada?
Quando o rapaz saiu para o baile, Maria Pamonha foi até o poço que havia no mato, banhou-se e perfumou-se com capim-cheiroso alfazema. Voltou para casa, pôs um lindo vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
Quando a jovem apareceu no baile, todos ficaram deslumbrados com a beleza da desconhecida. Os homens brigavam para dançar com ela, e o filho da patroa não tirava os olhos de cima da moça.
— De onde você é? – perguntou-lhe, por fim.
— Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da cidade de Cintada – respondeu a garota. Mas o rapaz a olhava tão embasbacado, que não percebeu nada.
— Quando voltou para casa, o jovem não parava de falar para a mãe da beleza daquela garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou muito triste.
Uma noite sem lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile. Como da primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe com sua vozinha: — Me leva no baile?
E o jovem voltou a gritar-lhe:
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma espetada?
Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poço, banhou-se, perfumou-se, pôs outro vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconhecida. O filho da patroa aproximou-se dela, suspirando, e perguntou-lhe:
— Diga-me uma coisa, de onde você é?
— Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da cidade de Espetada, respondeu a jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo lhe dizer, de tão apaixonado que estava.
Ao voltar para casa não se cansava de elogiar a desconhecida do baile. Nos dias que se seguiram procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou mais triste ainda.
Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para outro baile. Pela terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e disse-lhe com aquele fiozinho de voz: — Me leva no baile?
E, pela terceira vez, ele gritou:
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma sapatada?
Outra vez Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E outra vez todos ficaram deslumbrados com sua beleza. O jovem dançou com ela, murmurando-lhe palavras de amor e deu-lhe de presente um anel.
Pela terceira vez, ele lhe perguntou:
— Diga-me uma coisa, de onde você é?
— Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da cidade de Sapatada.
Mas como o rapaz estava quase louco de paixão, nem se deu conta do que queriam dizer aquelas palavras.
Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar-lhe como era bela a jovem desconhecida e, no dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, sem conseguir encontrá-la. Tão triste ele ficou que caiu doente. Não havia remédio que o curasse nem reza que o fizesse recobrar as forças. Triste, triste, já estava a ponto de morrer.
Então Maria Pamonha pediu à patroa que a deixasse fazer um mingau para o doente. A patroa ficou furiosa.
— Então você acha que meu filho vai querer que você faça o mingau para ele, menina? Ele só gosta do mingau feito por sua mãe.
Mas Maria Pamonha ficou atrás da patroa e tanto insistiu que ela, cansada, acabou deixando.
Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ninguém visse, colocou o anel dentro dele.
Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:
— Que delícia de mingau, mãe!
De repente, ao encontrar o anel, perguntou surpreso:
— Mãe, quem foi que fez este mingau?
— Foi Maria Pamonha. Mas por que você está me perguntando isso?
E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no quarto, com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos. E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.
Autor Desconhecido.
Certo dia apareceu na porta da casa grande da fazenda uma menina suja e faminta. Nesse dia deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte também. E no outro, e no outro, e assim sucessivamente. Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina foi ficando, ficando, sempre calada e de canto em canto.
Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava, e ela respondeu com um fiozinho de voz: — Maria.
E os garotos, às gargalhadas, fecharam-na numa roda e começaram a debochar dela: — Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha...
Uma noite de lua cheia, o filho da patroa estava se arrumando para ir a um baile, quando Maria Pamonha apareceu no seu quarto:— Me leva no baile? – pediu-lhe.
O jovem ficou duro de espanto.
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma cintada?
Quando o rapaz saiu para o baile, Maria Pamonha foi até o poço que havia no mato, banhou-se e perfumou-se com capim-cheiroso alfazema. Voltou para casa, pôs um lindo vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
Quando a jovem apareceu no baile, todos ficaram deslumbrados com a beleza da desconhecida. Os homens brigavam para dançar com ela, e o filho da patroa não tirava os olhos de cima da moça.
— De onde você é? – perguntou-lhe, por fim.
— Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da cidade de Cintada – respondeu a garota. Mas o rapaz a olhava tão embasbacado, que não percebeu nada.
— Quando voltou para casa, o jovem não parava de falar para a mãe da beleza daquela garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou muito triste.
Uma noite sem lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile. Como da primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe com sua vozinha: — Me leva no baile?
E o jovem voltou a gritar-lhe:
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma espetada?
Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poço, banhou-se, perfumou-se, pôs outro vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconhecida. O filho da patroa aproximou-se dela, suspirando, e perguntou-lhe:
— Diga-me uma coisa, de onde você é?
— Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da cidade de Espetada, respondeu a jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo lhe dizer, de tão apaixonado que estava.
Ao voltar para casa não se cansava de elogiar a desconhecida do baile. Nos dias que se seguiram procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou mais triste ainda.
Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para outro baile. Pela terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e disse-lhe com aquele fiozinho de voz: — Me leva no baile?
E, pela terceira vez, ele gritou:
— Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar uma sapatada?
Outra vez Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E outra vez todos ficaram deslumbrados com sua beleza. O jovem dançou com ela, murmurando-lhe palavras de amor e deu-lhe de presente um anel.
Pela terceira vez, ele lhe perguntou:
— Diga-me uma coisa, de onde você é?
— Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da cidade de Sapatada.
Mas como o rapaz estava quase louco de paixão, nem se deu conta do que queriam dizer aquelas palavras.
Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar-lhe como era bela a jovem desconhecida e, no dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, sem conseguir encontrá-la. Tão triste ele ficou que caiu doente. Não havia remédio que o curasse nem reza que o fizesse recobrar as forças. Triste, triste, já estava a ponto de morrer.
Então Maria Pamonha pediu à patroa que a deixasse fazer um mingau para o doente. A patroa ficou furiosa.
— Então você acha que meu filho vai querer que você faça o mingau para ele, menina? Ele só gosta do mingau feito por sua mãe.
Mas Maria Pamonha ficou atrás da patroa e tanto insistiu que ela, cansada, acabou deixando.
Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ninguém visse, colocou o anel dentro dele.
Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:
— Que delícia de mingau, mãe!
De repente, ao encontrar o anel, perguntou surpreso:
— Mãe, quem foi que fez este mingau?
— Foi Maria Pamonha. Mas por que você está me perguntando isso?
E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no quarto, com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos. E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.
Autor Desconhecido.
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